segunda-feira, abril 29, 2013

Labores del Hogar

Trata-se de uma revista cuja resistência ao tempo é teste que não sei se passou.

A trabalhar num determinado tipo de peça processual, dou comigo a somar os despojos do dia.

E ainda são só cinco da tarde.

Neste momento, tenho dois patrões.

Agora, estou sujeito aos registos temporais.

Por enquanto, só tenho dúvidas na minha cabeça.

Por que raio havia de estar a viver num momento de crise?

Quanto tempo demora uma peça processual?

Quanto tempo?

Por que razão estou confinado a isto?

Odeio fazer perguntas.

Não gosto do que faço.

Não faço o que gosto.

Pior: pareço uma pita maluca com poesia de casa de banho.

É isso.

Uma pita maluca.

quarta-feira, abril 24, 2013

Ao serviço do mal

Ando a ler, aqui e ali, (mais ali do que aqui) um livro interessante chamado a Nova Teoria do Mal, de Miguel Real.

A complexidade das linhas é clara: começa por uma análise ao funcionamento do cérebro, vai desenvolvendo, até concluir (e nisto estou a ser parcimonioso) que a face do mal são os economistas.

Ainda agora, dei comigo a ouvir o Animal dos R.E.M.

Claro que todas estas referências de pequeno-burguês não significariam nada, não fosse o trabalho que, neste exacto momento, estou a desempenhar.

E que trabalho é esse?

Tentar safar um cliente (também pequeno) que denunciou um contrato a termo que, digamos, não cumpria com os requisitos legais.

A trabalhadora veio impugnar aquilo tudo.

Há que contestar.

Calhou-me.

Nada de más interpretações: gosto muito deste tipo de serviço.

Por outro lado, foi precisamente por isto que não quis ser advogado.

quarta-feira, abril 17, 2013

Um certo de tipo de calor

Cheira a trovoada.

Quando a dita cuja está para rebentar, o dia que a antecede é sempre especial.

Há um certo tipo de calor a pairar. Alguma poeira, até. O céu configura-se como se estivesse para parir qualquer espécie de matéria que, dali a umas horas, sabemos qual é.

Por norma, são dias tranquilos. Passa-se pouco, ou nada.

Na verdade, até as conversas são feitas na base da previsão do estado do tempo.

- "Hmmmm, cheira a trovoada."
- "Ahnnnn, pois é, pois é".

Depois de um prazeroso espetáculo a que tive o privilégio de assistir, regressei à chamada "residência habitual".

Como faço (sempre), liguei a televisão. Na RTP2 passava um filme que sempre me agradou, pelos mais diversos motivos: O Frenético.

Quis o acaso que a acção estivesse na cena em que os personagens protagonistas estão num clube privado. Eis que toca Strange, interpretado por Grace Jones (em português, Graça Jonas).

Há dança.

Por alguma razão que alguma ciência algum dia explicará, cheirou-me a trovoada.

Ali, naquela cena específica, está uma metáfora. Mais do que uma metáfora, naquele filme, a cena acaba por ser premonitória de um final semi-trágico.

Ou seja, uma espécie de santíssima trindade que não o é: trovoada, metáfora e tragédia (e aqui é que falha o entendimento: a trovoada é, em si mesmo, uma metáfora para a tragédia. Ora, a trovoada é metáfora para tragédia. Em fim e ao cabo, nem santíssima trindade, nem abençoado duo: é tudo a mesma coisa).

Fica aqui parte importante da banda sonora.

terça-feira, abril 02, 2013

Gostos e Desgostos

Desta vez, qualquer coisa mais pessoal.

Ainda no dia de hoje, o Sporting Clube de Portugal derrotou o Sporting Clube de Braga por 2-3 no estádio municipal de Braga.

É uma dia feliz, tendo em conta que as vitórias e o el contado têm escasseado por Alvalade.

Neste mesmo dia, uma das multiplas vergonhas do meu clube, Dias Ferreira, abandonou o espaço de comentário televisivo, o Dia Seguinte.

Saiu a dizer: "Não gosto de si", respondendo ao moderador que lhe dizia que não gostava de ver o de costas para a mesa.

Pela segunda (penso eu) vez na história televisiva, aquele homem sai de um programa televisivo aos berros.

Concluindo: não há dias perfeitos na história do SCP, porém, abundam os dias ferreiras.