sexta-feira, junho 21, 2013

Um momento!




O triste no meio disto, e depois de pensar um bocado sobre o que Chico Buarque está a cantar, é que, quando chega mesma o último dia ninguém sente, ninguém sabe.

Ninguém acorda e diz: "epá, isto, hoje, acaba".

Disse que é triste, mas se calhar nem tanto. Numa qualquer confluência cósmica ficou decidido que o último dia é surpresa, como o Kinder.

É agradável pensar que nada é por acaso. E o "fim" é tudo menos acaso. E, como se disse, ninguém sabe quando chega, o que faz do acontecimento o oposto do acaso.



quarta-feira, junho 19, 2013

A meio caminho da estatuição da norma

A união de facto é a situação jurídica de duas pessoas que, independentemente do sexo, vivam em condições análogas às dos cônjuges há mais de dois anos.

Artigo 1.º, n.º 2 da Lei da União de Facto

Pois um ano já passou.

Curiosamente, foi exactamente aquilo que pensava que seria.

E foi, creio, porque conhecia bem quem comigo passou a partilhar os espaços e intimidades (intimidade no sentido escatológico, bem entendido).

Naturalmente, há danos colateriais. 

Passei, como tantos me disseram, dizem e dirão, a ter "corpo de homem casado". Não é um elogio.

O bom disto e o que, ao fim e ao cabo, me faz continuar, é o processo de contínua aprendizagem sobre aquela que comigo vive em "condições análogas às dos cônjuges" (que termo infeliz). Aprender com ela é também aprender um bocado sobre o que sou, porém, com uma diferença.

O que se aprende dela é bom.

Acabo de perceber isto

A sorte é um acontecimento.

Um acontecimento que ocorre quando dele precisamos, mas em que as probabilidades de ele ocorrer são perto de zero.

A minha sorte era chegar uma proposta. Um pedido. Qualquer coisa que trouxesse alternativa.

Aguardam-se os dias em que poderei dizer que estes anos foram os piores da minha vida.

Entretanto, só posso mesmo dizer que são.

segunda-feira, junho 17, 2013

Uma composição para a escola primária

Menino Bloggerzinho, para amanhã terá de fazer uma composição em que fale dos seguintes temas:

 - Malucos;
- Ilusão;
- Malucos;
- Trabalho;
- Indiferença;
- Malucos

Era uma vez um tatazio.

Agora a sério.

Chego. Mais cedo do que é costume. Vinha de uma diligência.

No local onde exerço as minhas funções, existe uma peça chamada, carinhosamente, "folha de obra". A "folha de obra" mais não é que um registo obrigatório das tarefas desempenhadas, incluindo cliente, processo e tempo dispendido.

Há que entregá-la todos os dias, devidamente preenchida. Este menino não entrega a sua há dois dias. Um verdadeiro escândalo.

O chefe teve para comigo alguma palavra? Não. O chefe importa-se muito? Pouco? Nada.

Então, o que te faz escrever, menino?

Chego. Mais cedo do que é costume. Vinha de uma diligência.

Vem até mim um tatatazio.

"É por causa das folhas?"
"É. Mas não é só isso".
"'Tão?"
"Tu não andas bem."
"Não ando bem?"
"Não. Há qualquer coisa".
"O quê?"
"Epá, tu andas a isolar-te."

(Pausa para silêncio dramático)

"Ando a isolar-me?"
"Andas. Antigamente, andavas sempre por aí, fazias piadas, metias-te com o pessoal. Agora não. Sentas-te, estás com o "fónes" postos a ouvir música. Não é normal".

(Pausa para aguentar o riso)

"Pois, oh coiso (inserir outro nome), epá, ajuda a concentrar-me ter um ruído..."
"Mas é que tu não foste sempre assim" (Ele que me conhece há tantos anos...)
"Fui, coisinho, fui..."
"É que eu tou na psicanálise e sei ver essas coisas. Eu próprio já estive como tu. Estás com algum problema na tua vida privada?"

A conversa continuou.

Agradeci do fundo do meu coração a preocupação. No meio, foi dizendo que era fundamental para ele ter equipas motivadas e que isso, para ele, era tudo.

Só posso concluir que fui alvo de uma intervenção.

E fui alvo de uma intervenção porque não lhe entreguei as "Folhas de Obra".

Que castigo desproporcional.



quinta-feira, junho 13, 2013

Dias importantes

É o dia de aniversário.

Meu? Teu?

Sendo de quem é, é um pouco o dia de aniversário, pelo menos, de duas pessoas.

Não que se celebrem os anos de vida: porque a ela se devem os mesmos.

E não só porque a ela se devem os mesmos: porque ela os fez ótimos.

E não só porque ela os fez ótimos: porque os fez à sua imagem.

Parabéns.!

Contributo para uma noção

Cinco anos cinco.

Aulas, práticas e teóricas, horas incalculáveis em bibliotecas e salas de estudo.

Bocas, vitórias, derrotas.

Testes. Stress.

Trabalha-se para uma causa, com um objectivo: chegar-se um lugar, criar-se uma posição.

Hoje, há que confessar que nunca vi tanto trabalho e especialização deitada à rua.

Culpa?

Minha.

terça-feira, junho 04, 2013

Luisa





A job that slowly kills you.

segunda-feira, junho 03, 2013

Algumas Segundas

Proliferam as imagens alusivas à temática capitalista-laboral da Segunda-Feira.

Normalmente, há gente com olheiras, sono e elementos afins.

Durante uma boa parte da minha vida, acompanhava o espírito social relativo ao primeiro dia útil da semana.

Agora, não.

A grande diferença do "antes e do depois" é a tristeza patente no início da semana.

Nunca me incomodou física nem psicologicamente voltar ao trabalho. Custava, é certo, mas era sempre uma maneira de rever os meus amigos.

Agora, não.

Enfim, o trabalho não é nada como o resto da vida.

Como dizia o Bruno Nogueira, no "Último a Sair", para a Lucy: "O mundo não é só isto. O mundo é bué cenas."