segunda-feira, setembro 15, 2014

Utilização devida de vernáculo.

Vai chover no dia do meu casamento.

Os patriarcas fazem esforço financeiro para pagar uma boda num espaço bonito, arranjado, onde se possa fazer uma cerimónia civil ao ar livre.

Mas vai chover.

O espaço onde se vai realizar todo o evento tem arranjos, recantos verdes, locais ótimos para o momento-seca da celebração.

Mas vai chover.

Ao longo dos últimos anos, perdi pessoas essenciais na minha vida. O mesmo diga a minha Noiva.

Profissionalmente, queria ter outra experiência, remunerada claro, mas aqui estou a levar com os humores de alguém que se pensa o maior e está cada dia mais velho e acabado.

Vai chover no meu casamento.

Aquilo que poderia distinguir e justificar os sacrifícios que foram feitos para nossa felicidade vai ser arrasado porque, este ano, vai chover naquela data.

Perdoai-me.

Mas cá vai.

Puta que pariu esta merda toda.

Caralhos fodam a puta da minha sorte.

Estava a precisar de ir para um monte, só com água e comida.

Isolado.

Sozinho.

Por um ano.

Não há nada, rigorosamente nada que corra bem.

É um paradoxo. Modo geral, a vida nem é nada má.

Depois há isto.

As perdas. Os dias cinzentos.

Chuva.

Chuva.

E mais um bocado de chuva.

Se tivesse escolhido casar em Julho...

...teria chovido, a bom chover, em Julho.