terça-feira, junho 02, 2015

Ser Sócrates, ser 44

No passado dia 31 de Maio de 2015, o Sporting Clube de Portugal ganhou a sua 16.º Taça de Portugal.

Para a massa adepta de um clube que tem andado arredado, quer das discussões, quer dos títulos, significa muito ter o que festejar, quando, e sobretudo, a vitória é de uma raça inigualável.

No dia seguinte ao triunfo, quando venho trabalhar, lembro-me que tenho um cachecol guardado no armário do arquivo. Trata-se, obviamente, de um cachecol à Sporting, com símbolo, cores, the whole nine yards. Orgulhosamente, exibo-o, ainda que não ostensivamente, por cima de uma cómoda que habita o meu gabinete.

Durante o dia, ao receber clientes, e para não ferir susceptibilidades, arrumava-o. Contudo, quando a chamada costa estava livre, lá aparecia ele.

Os meus colegas, Benfiquistas agudos, ao verem aquilo, riam amistosamente, cumprimentavam-me pelo sucesso da minha equipa do coração. O próprio chefe, viu, gargalhou sonoramente e jamais me fez um reparo por ter ali colocado o artefacto.

Hoje, ao chegar, dou de caras, no gabinete onde cumpro calvário, com o irmão do patrão, figura a que já fiz referência no passado.

"Duarte, fui eu que te tirei o cachecol dali. Se a gente não queremos ser provocados, não podemos provocar. Eu conheço o meu irmão e sei que ele não gosta destas coisas. Eu conheço o meu irmão"

Senti-me um preso em Évora.